O que significa Genderbread?

Para muitos de nós o Homem Biscoito ficará para sempre associado à saga de filmes do Shrek em especial aquela cena em que o Lord Farquaad o tortura e de forma ignóbil lhe arranca as frágeis pernitas. Mas antes disso houve quem tivesse a ideia de aproveitar a semelhança fonética entre as palavras “ginger” (gengibre) e “gender” (género) e tenha criado uma imagem a que chamou de “genderbread person”. Esta imagem tem sido partilhada um pouco por todo o lado para explicar as diferenças entre identidade de género, expressão de género, sexo biológico e orientação sexual.

IDENTIDADE DE GÊNERO:

Começando pela identidade de género, esta característica define quem nós pensamos que somos. É a parte cerebral, onde fechamos os olhos e vemos aquilo que pensamos ser, homem, mulher ou até “genderqueer”, alguém sem sexo definido ou que assume um ou outro sexo conforme as circunstâncias. Diz-se que formamos a nossa identidade de género por volta dos 3 anos. Ou seja é na primeira infância que nos definimos perante nós próprios como “homem”, “mulher” ou eventualmente nenhum dos dois. Para as crianças que se definem como transgénero, ou seja cuja identidade de género não coincide com o sexo biológico, existe uma enorme dificuldade, para além de todos os obstáculos sociais e familiares, que tem a ver com as hormonas femininas e masculinas que lhes transformam o corpo de forma para eles odiosa de ver e de sentir. Por isso hoje em dia discute-se um pouco por todo o mundo qual será a melhor forma de abordar a questão da transsexualidade, e a partir de que idade uma vez que esperar que a criança atinja a maioridade é demasiado cruel para pessoas que esperam que o seu corpo se materialize duma outra forma desde o dia em que nasceram.

EXPRESSÃO DE GÊNERO:

A expressão de género é como demonstramos o nosso género aos demais através da forma como nos apresentamos, nos vestimos, nos comportamos. A expressão do nosso género é muitas vezes interpretada pelos outros através dos preconceitos que eles próprios têm sobre o que é ser “homem” ou “mulher”. Ou seja, uma mulher que se vista duma forma masculina pode ser confundida com um homem seja de forma intencional ou não. Há uma variedade tão grande de interpretações que hoje em dia diria que não é seguro assumir-se nada sobre o género de alguém. Todos nós temos momentos mais masculinos e mais femininos, é um espectro tão grande e tão complexo que tentar cingir toda a humanidade a um “X” ou “Y” é quase patético!

SEXO BIOLÓGICO:

Falando então do sexo biológico que se refere aos órgãos genitais, hormonas e cromossomas com que nascemos. Ser mulher é ter uma vagina e ovários, dois cromossomas “X” e o estrogénio predominante. Ser homem é ter um pénis, testículos, um cromossoma “X” e um “Y” e a testosterona predominante. Mas acontece, e com muito mais frequência do que se pensa em cerca de 1 por cada 100 nascimentos, que há bebés onde não se consegue determinar o sexo biológico porque possuem os dois órgãos, ou nenhum. E mesmo um exame aos cromossomas pode revelar situações em que não existe o par “XX” nem o “XY” ou até combinações mais complexas como “XXY”. Estas crianças são apelidadas de intersexuais e muitas vezes são os médicos e/ou os pais que determinam o sexo biológico que lhes ficará associado, muitas vezes de forma errada e com consequências gravíssimas para estas crianças.

ORIENTAÇÃO SEXUAL:

Finalmente a orientação sexual relaciona-se com o sexo das pessoas por quem nos sentimos atraídos. Se somos atraídos por pessoas do mesmo sexo, ou com a mesma expressão de género do que nós, somos homossexuais. Se por pessoas de sexo diferente somos heterossexuais. Ou se por pessoas de ambos os sexos e nesse caso somos bissexuais. Se bem que a atração sexual não é um assunto assim tão simples e tem sido muito dissecada ao longo dos tempos como por exemplo pelo Dr. Alfred Kinsey que criou uma escala de 0 (exclusivamente heterossexual) a 6 (exclusivamente homossexual) para permitir uma maior flexibilidade e até inclusão na abordagem à sexualidade das pessoas que responderam aos seus inquéritos anónimos. Também é possível que a atração sexual mude ao longo da vida. É uma característica que pode ser bastante fluida o que causa uma enorme confusão a muita gente que gosta de rotular os seus pares.

Falta apenas dizer que o Homem Género serve também para mostrar que estas características podem relacionar-se entre si mas não estão interligadas, são independentes umas das outras. A orientação sexual não determina a expressão de género. A expressão de género não é determinada pela identidade de género, embora possa ser influenciada. E a identidade de género não é determinada pelo sexo biológico. É tão simples explicar e tão complicado de compreender. Se mantivéssemos uma mente aberta em relação aos temas da sexualidade e do género seríamos todos seres humanos muito mais felizes, e seguramente mais Capazes!